Pastor Silas Malafaia é processado por homofobia pelo MPF
O
processo movido pelo Ministério Público Federal em São Paulo contra o
pastor Silas Malafaia, a TV Bandeirantes e a União por declarações
homofóbicas será retomado. Essa foi a determinação do Tribunal Regional
Federal da 3ª Região, que anula a sentença da primeira instância que
determinava a extinção da ação civil pública.
Na ação o
MPF pede a retratação do pastor por considerar homofóbicas suas
declarações veiculadas em julho de 2011, durante o programa “Vitória em
Cristo”, quando utilizou expressões de incitação à violência contra
homossexuais ao criticar o uso de símbolos religiosos durante a Parada
do Orgulho LGBT daquele ano. Na ocasião Malafaia disse: “Os caras na
Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica e ninguém fala
nada. É pra Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe?
Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender (sic). É uma
vergonha”.
Em
virtude dos comentários do pastor, a Associação Brasileira de Lésbicas,
Gays, Bissexuais Travestis e Transexuais (ABGLT) acionou o MPF, que
acatou a denúncia. “As gírias entrar de pau e baixar o porrete têm claro
conteúdo homofóbico, por incitar a violência em relação aos
homossexuais, desrespeitando seus direitos fundamentais baseados na
dignidade da pessoa humana”, escreveu o procurador da República
Jefferson Aparecido Dias, autor da ação protocolada em outubro de 2011.
“Mais do que expressar uma opinião, as palavras do réu em programa
veiculado em rede nacional configuram um discurso de ódio, não
condizente com as funções constitucionais da Comunicação Social”.
Em maio
de 2012 a decisão na primeira instância considerou as declarações de
Malafaia legítimas, alegando livre exercício de manifestação. A sentença
ainda minimizou os termos entrar de pau e baixar o porrete, tidas como
meras expressões populares de crítica, sem conotação propriamente de
violência física. O MPF recorreu da decisão e espera que Malafaia se
retrate durante o programa. Além disso, pede que a Justiça Federal
expeça uma liminar para proibir o pastor e a TV Bandeirantes de veicular
novamente comentários com teor homofóbico e determinar à União que, por
meio do Ministério das Comunicações, fiscalize o programa “Vitória em
Cristo” para coibir a ocorrência de novos episódios de desrespeito ao
direito das pessoas atingidas.
“Como
líder religioso, o réu Silas Lima Malafaia é formador de opiniões e
moderador de costumes. Ainda que sua crença não coadune com a prática
homossexual, incitar a violência ou o desrespeito a homossexuais
extrapola seus direitos de livre expressão, constituindo prática
violadora dos direitos fundamentais à dignidade, à honra e mesmo à
segurança desses cidadãos. Por isso a importância da retratação de seus
comentários homofóbicos diante de seus telespectadores”, diz o
procurador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário