Hugo Motta se defende e diz que CPI da Petrobras “não acaba em pizza”
O
presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), disse na noite
desta segunda-feira (19) que a comissão, que deve ser encerrada nesta
semana, não “acaba em pizza”. A declaração foi dada momentos antes de o
relator do colegiado, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), dar início à leitura
do seu relatório final, que deve ser votado só na próxima quinta-feira
(22).
Em
funcionamento há cerca de oito meses, a CPI é criticada por alguns
deputados, especialmente do PSOL, por não ter ouvido os políticos
suspeitos de terem se beneficiado do esquema de corrupção na estatal – o
único foi o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
compareceu espontaneamente. A comissão também é alvo de críticas por não
ter avançado além das investigações da Operação Lava Jato.
Embora
tenha sido prorrogada por duas vezes, a comissão também é alvo de
críticas por não ter avançado além das investigações da Operação Lava
Jato. No total, entre investigados e testemunhas, a CPI ouviu 132
pessoas, mas a maior parte delas já havia sido ouvida pela força-tarefa
da Lava Jato e várias acabaram ficando em silêncio, amparadas por habeas
corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que haviam feito
delação premiada e poderiam comprometer a investigação além do que já
tinha sido divulgado.
Motta
atribuiu o baixo desempenho da comissão à falta de instrumentos
disponíveis para o colegiado realizar a investigação. “A CPI, por ser
muito mais cobrada do que os outros órgãos investigativos, é
inversamente proporcional aos instrumentos que ela tem para avançar da
maneira que o Ministério Público, a Justiça Federal e a Polícia Federal
têm para fazer uma investigação”, justificou Motta, acrescentando: “A
CPI não acaba em pizza, na minha opinião”.
“Realizamos
tudo aquilo que estava ao nosso alcance. […] Se a CPI não apresenta
resultados novos talvez seja porque não temos os instrumentos
necessários para realizar a sua investigação”, completou.
A CPI
foi alvo de polêmica ainda por conta da contratação por mais de R$ 1
milhão da empresa de consultoria Kroll para apurar a existência de
contas não declaradas no exterior por investigados no esquema. O
contrato previa uma segunda fase, quando seriam aprofundadas as
investigações em torno de alguns nomes, mas acabou não sendo renovado
por iniciativa da empresa após o vazamento dos nomes dos investigados.
Balanço
Segundo
balanço divulgado nesta segunda-feira pela Secretaria-Geral da CPI,
foram realizadas, desde fevereiro, 56 reuniões ordinárias e 1
extraordinária. Os deputados realizaram três visitas técnicas à sede da
Petrobras, no Rio de Janeiro, ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), em Itaboraí (RJ), e à Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca
(PE).
Eles
também realizaram duas diligências em Curitiba para ouvir os depoimentos
de investigados presos na Lava Jato e se reuniram com o juiz Sérgio
Fernando Moro, responsável pela condução dos inquéritos da Lava Jato na
primeira instância.
Os
parlamentares chegaram a viajar para Londres para ouvir o depoimento do
Sr. Jonathan David Taylor, ex-diretor da companhia holandesa SBM
Offshore, que confirmou o pagamento de propina para funcionários da
estatal.
No
total, foram apresentados 1.141 requerimentos na comissão. Desses, 571
foram aprovados, 531 não foram deliberados, 17 acabaram retirados pelo
próprio autor e 22 foram declarados prejudicados (quando outros
semelhantes são aprovados, por exemplo).
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