Ministério Público da PB apura participação de promotor em caso de travesti baleada
A CorregedoriaGeral do Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu
uma sindicância para investigar a conduta do promotor de Justiça Aluísio
Cavalcanti Bezerra. No último sábado (10), uma travesti, de 17 anos,
registrou um boletim de ocorrência denunciando que ficou ferida após ser
atingida por dois tiros disparados de dentro de um carro pertencente ao
promotor. Aluísio nega participação no caso e atribui os tiros ao seu
motorista. O caso aconteceu na praia do Cabo Branco, em João Pessoa.
A portaria determinando a abertura da sindicância foi assinada pelo
promotor corregedor Eny Nóbrega e publicada no Diário Oficial do MPPB,
na terçafeira (13). O ato da corregedoria afirma que “a eventual
infração não se encontra suficientemente positivada em sua autoria e
materialidade, havendo necessidade de coleta de provas para tal fim”. O
promotor Eny Nóbrega explicou que a sindicância tem um prazo de 30 dias,
que podem ser prorrogados por mais 15. “Vamos ouvir as pessoas
envolvidas e depois disso será feito um relatório que será submetido à
apreciação do corregedorgeral, que pode decidir pela abertura de um
processo administrativo disciplinar”, disse. Eny explicou que em casos
como esse, dependendo do que for constatado na apuração, o promotor pode
receber de uma advertência ou até mesmo ser desligado do Ministério
Público. Segundo a Polícia Civil, que abriu um inquérito para apurar o
caso, a travesti contou que foi baleada quando foi cobrar o pagamento de
um programa.
No entanto, o promotor Aluísio Cavalcanti confirma que o carro
envolvido na ocorrência pertence a ele, mas quem usava no momento da
confusão era um motorista. De acordo com Aluísio Cavalcanti, ele estava
em casa na hora em que foram registrados os disparos. Ele havia pedido
ao motorista para comprar frutas. Segundo o promotor, no momento em que o
motorista retornou ao carro, ele percebeu que um dos vidros
estava quebrado, pegou a arma debaixo do tapete do veículo e atirou na
travesti, que seria suspeita de tentar arrombar o veículo.
A travesti afirma, no seu relato à Polícia Civil, que quebrou o vidro
do carro, mas que isso aconteceu após iniciar a confusão com a pessoa
que conduzia o carro devido à cobrança de um programa.
No sábado (12) o promotor Aluísio Cavalcanti informou que registraria
um BO com a sua versão do fato. A adolescente baleada foi encaminhada
para o Hospital de Emergência e Trauma ainda no sábado e, de acordo com a
unidade médica, recebeu alta após tratar dos ferimentos. Os dois tiros
atingiram os pés da travesti, deixando ferimentos leves.
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